Edilson
Neves
Se
estamos a pé, corremos o risco permanente de sermos atropelados atravessando a
rua, mesmo tendo a preferência, ou na calçada, porque o meio-fio não é capaz de
segurar um automóvel desgovernado.
Em situações nas quais qualquer cidadão minimamente educado
pisaria no freio, nós buzinamos. Buzinamos para xingar, reclamar, desabafar,
dar bronca nos outros motoristas... Mas não saímos pela rua gritando com os
outros se notamos que fizeram algo errado. Afinal, seria coisa de gente mal
educada, onde já se viu fazer escândalo por aí?
A falta de educação de um cidadão pode ser observada pelo seu
comportamento.
- E como falta educação ao cidadão motorista de nossa cidade!
Se pararmos um pouco para observar o trânsito em Porto Velho, capital rondoniense,
veremos que são pouquíssimos aqueles que respeitam as leis de trânsito.
Num dia destes, eu estava parado num estacionamento de
supermercado aguardando uma vaga de um cliente que estava saindo, e, de repente
entrou um motorista mal educado e estacionou na vaga que eu estava aguardando.
Buzinei, buzinei, mas não teve jeito.
Num outro dia estacionei em frente ao Mercado Central, e ao
meu lado estava um motorista aguardando uma vaga que estava sendo desocupada;
de repente encosta um carrão e simplesmente toma a frente e estaciona na vaga
do motorista que estava esperando. Eu fiquei indignado, vendo aquela cena, e
tentando ver a cara do/a motorista, mas, não dava pra enxergar porque o vidro
era escuro (fumê). Mesmo assim, fiquei esperando que ele descesse do carrão. O motorista
enganado, indignado buzinou, buzinou e nesse caso ele teve sorte porque o
motorista mal-educado retirou o carro e estacionou em outra vaga.
O mais curioso ainda estava por vir. De longe, eu fiquei
olhando pra ver quem era aquela pessoa tão mal educada, até que, enfim, ela
desceu do carrão, quando eu vi fiquei mais impressionado ainda. Era uma
desembargadora do Tribunal de Justiça. Pensei “estamos perdidos”.
O
desrespeito aos pedestres é algo gritante em nosso município.
Parar na faixa de pedestres, aqui, é um risco muito grande
para o motorista que respeita o trânsito, e, mais, ainda, para os
pedestres.
Afinal,
de quem é a culpa por tais atitudes?
A meu ver, os primeiros culpados são os centros de formação
de condutores (auto-escolas) que, em sua totalidade não têm profissionais
qualificados para ensinar corretamente àqueles que querem tirar sua carteira;
em segundo, vem o DETRAN, que libera habilitações sem maiores critérios,
colocando nas ruas motoristas e pilotos sem o mínimo de preparo; e, em terceiro
lugar, os guardas municipais de trânsito que, aqui, em nossa cidade só servem,
mesmo, para aplicar multa. Não devemos, nem mesmo, chamá-los de guardas de
trânsito, e, sim, de fiscais de multas, porque esses devem receber seus
“proventos” por multas aplicadas - é uma loucura! Aplicar multas virou uma nova fonte de renda
da administração municipal.
Vemos coisas absurdas no trânsito da nossa capital:
motoristas e motociclistas imprudentes temos aos montes. E, particularmente, os
moto-taxistas. Isso, a cada dia, tem se tornado mais perigoso, tanto para eles
mesmos, quanto para os condutores e pedestres. Ultrapassar pela direita, por exemplo,
é muito comum se ver. Não sou contra os
moto-taxistas, porém a falta de responsabilidade da maioria desta classe está
ficando insuportável - os acidentes são diários e muitas vezes com vítimas
fatais.
Multar
simplesmente não resolve o problema. Deveriam ser criadas
leis mais duras, que punissem os infratores de modo exemplar, pois quem dirige
com irresponsabilidade não pode simplesmente sair por ai dentro de um carro ou
em cima de uma moto pondo em risco a sua vida e a vida de outras pessoas.
- Mas, enquanto houver impunidade, e desobediência daqueles
que deveriam servir de exemplo, a população vai continuar penando.
- "Esses
problemas que enfrentamos no trânsito são culturais, infelizmente, Isso só vai
mudar com muita educação e conscientização".